Pele | Sabe Mais Sobre Óleo de Argão: Como Identificar?

Eu disse-vos que em Março ia trazer mais conteúdo sobre pele.

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Hoje não é excepção. Venho falar-vos de Óleo de Argão e dos seus benefícios. Para além disso, vou dar-vos algumas dicas de como o identificar no rótulo dos produtos, bem como conseguirem perceber, muito sucintamente, se se encontra numa boa concentração e se o produto em questão é, ou não, "aceitável".

O que é que eu quero dizer com isto?


Apenas a dar-vos uma ajuda para quando vocês estiverem indecisos quanto ao produto a comprar. Basta olharem para a composição e lembrarem-se deste meu texto. Mas, antes de me alongar mais neste assunto, vou falar um bocadinho sobre o óleo de argão e as suas propriedades.

O que é?

O óleo de argão (Argania spinosa kernel oil) não é novo "nestas andanças". Na verdade, já é usado nos produtos de cabelo há muito tempo graças às suas propriedades hidratantes. Mas, gradualmente, tem vindo "a dar o salto" para os cuidados de pele e são cada vez mais as marcas a explorar os seus benefícios nas gamas de rosto e corpo (cabelo também).

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Nos últimos anos, com a popularidade dos óleos faciais de beleza, o óleo de argão tornou-se ainda mais procurado e passou de um ingrediente natural proveniente da Floresta de Argan (Marrocos), para um dos óleos mais premiados e procurados no mundo inteiro.

Produzido a partir dos grãos encontrados dentro da noz de argão (que, por sua vez, se encontra dentro do fruto das árvores de argão) é um ingrediente muito nutritivo. Para além disso, é rico em vitaminas A, D e E, antioxidantes, e contém níveis elevados de ácidos gordos essenciais (como ómega 6), ou seja, é um potente ingrediente anti-envelhecimento.

Quais os seus benefícios?


Um poderoso composto para tratar a pele

Tradicionalmente, este ingrediente já é usado há muitos anos no tratamento de problemas de pele, como acne e manchas. Conseguimos perceber, desta forma, por que razão o mercado da cosmética o tornou um ingrediente "Rei": promove a regeneração celular, melhora acne, cicatrizes, manchas e a elasticidade da pele.

Um excelente hidratante (para todos os tipos de pele)

Até mesmo as peles mais secas vão ver melhorias com este óleo. Inclusivamente, as áreas críticas do corpo (como pés e as pernas). O óleo de argão não só consegue "selar" a hidratação, mas também protege a pele dos radicais livres, tornando-se também poderoso na nutrição da pele sensível.

Pode ser utilizado nas peles oleosas

Não é preciso ter medo, acreditem! Existe esse receio em utilizar óleos essenciais no rosto, por parte de quem tem pele oleosa. Neste caso, o óleo de argão é absorvido rapidamente e não deixa resíduos. E mais: consegue equilibrar a produção do próprio sebo natural da pele (daí ser potente no tratamento de acne).

O melhor amigo das mulheres grávidas (reduz e melhora as estrias)

As suas propriedades hidratantes são tão poderosas que consegue reduzir e melhorar estrias e outras marcas de elasticidade. Após o parto, pode ser aplicado diariamente na pele em qualquer zona problemática (como barriga e coxas).

Vamos agora falar um pouco mais de química e "leitura" de rótulos.


Acreditem em mim quando digo que, de acordo com as normativas, uma marca poderá alegar na cartonagem de determinado produto que contém um princípio activo, desde que o mesmo se encontre na sua composição, independentemente da concentração.

Esta premissa, mais aquela que diz respeito ao marketing na área da cosmética, leva a que pessoas com menos conhecimento dentro desta área comprem produtos a pensar que são milagrosos quando, na realidade, não o são. E, assim, investir mal o seu dinheiro.

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Outro exemplo que vos posso dar é o da Vitamina E (antioxidante) que, em grandes concentrações, tem acção anti-envelhecimento e, em baixas concentrações, é conservante de uma formulação, ambos devido ao seu efeito antioxidante. Partindo deste exemplo, existem produtos que alegam ter Vitamina E na sua embalagem (com todo o direito), o consumidor "comum" pensa que terá uma acção anti-envelhecimento (marketing a funcionar) e, afinal, analisando mais a pormenor a composição, vemos que está em baixa concentração, sendo apenas um conservante.

Para conseguirmos perceber a leitura de um rótulo, há que ter em consideração o seguinte: na lista de ingredientes, estes encontram-se ordenados do ingrediente com maior concentração para o ingrediente com menor concentração, ou seja, quanto "mais para o final" estiver o ingrediente, menos concentrado estará nesse produto.

Seguidamente, vou deixar-vos dois exemplos de produtos com óleo de argão na sua composição. Um deles é um óleo para aplicar no rosto (aplicar sozinho enquanto cuidado de dia e/ou de noite ou misturado com o creme habitual); o outro é um champô.

Não vou revelar as marcas dos produtos cujas composições vos vou mostrar, mas posso dizer-vos que são marcas que se encontram representadas em feiras de cosmética aqui em Portugal (uma delas a ocorrer no final deste mês de Março).

Exemplo 1: óleo de aplicação na pele

ARGANIA SPINOSA KERNEL OIL, PRUNUS AMYGDALUS DULCIS OIL, PEG-8 CAPRYLIC/CAPRIC GLYCERIDES, TOCOPHERYL ACETATO, PARFUM, CITRONELLOL, ALPHA-ISOMETHYL IONONE, GERANIOL, CINNAMAL, BUTYLPHENYL METHYLPROPONONAL, COUMARIN, LINALOL

Atentem nesta composição e foquem-se no óleo de argão (Argania spinosa kernel oil). O que é que vocês reparam? É o primeiro ingrediente desta composição. Então, de acordo com o que eu já expliquei aqui, é o composto com maior concentração neste produto, logo este produto vai "cumprir" o seu propósito em termos de hidratação e nutrição. Para além disso, apresenta óleo de amêndoas doces (Prunus amigdalus dulcis oil) e vitamina E (Tocopheryl acetate) que vão ajudar nesta componente nutritiva e anti-envelhecimento

Qual a conclusão que podemos tirar deste exemplo?

Que é um produto que eu recomendo para quem procura um produto deste género para aplicar no seu rosto ou corpo. Mais uma vez, eu não vou dizer marcas, mas se estiverem realmente interessados neste produto, posso dizer-vos em privado ;)

Exemplo 2: champô enriquecido (segundo a marca) com óleo de argão

Vamos olhar com atenção para a composição seguinte:

AQUA, SODIUM LAURETH-SULFATE, COCAMIDOPROPYL BETAINE, GLYCOL DISTEARATE, POTASSIUM CHLORIDE, COCAMIDE DEA, GUAR HYDROXYPROPYLTRIMONIUM CHLORIDE, POLYQUATERNIUM-7, BENZYL ALCOHOL, PHENOXYETHANOL, PARFUM, ALPHA-ISOMETHYL IONONE, BENZYL SALICYLATE, D-LIMONENE, HEXYL CINNAMAL, DISODIUM EDTA, CHLORPHENESIN, GLYCERIN, BHT, LACTIC ACID, ARGANIA SPINOSA KERNEL OIL, OLUS OIL, CAMELINA SATIVA SEED OIL, CITRIC ACID

Primeiro ingrediente: água. Depois vemos um conjunto de agentes tensioactivos (detergentes), cloreto de potássio (sal, com função de conferir viscosidade), fenoxietanol, e vamos lendo até encontrarmos o óleo de argão quase em último lugar, antes de Olus Oil (um óleo 100% vegetal) e do óleo de "falso-linho" (ou camelina) e do ácido cítrico.

Antes de chegarmos a alguma conclusão, deixem-me que vos dê a conhecer algumas coisas:


- Este champô diz não ter sal na sua composição. No entanto, tem. O Cloreto de Potássio é um sal, com função de dar viscosidade a um champô (numa concentração abaixo de 2%). Aquilo que a marca "quer dizer" é não ter cloreto de sódio. Por uma questão de marketing (mais um exemplo), as marcas utilizam esta "técnica". Alegam não ter sal (de sódio), quando, na realidade, têm. Mas devido à polémica toda dos champôs sem sal, há que "contornar" isto. Já falei algumas vezes deste mito aqui no blogue.

- Fenoxietanol é um ingrediente que, por norma, num champô, não se apresenta numa concentração acima de 0.4%-0.6% (vejam onde se posiciona na lista apresentada).

- O Perfume não costuma ser mais concentrado que 1% numa formulação. No entanto, está logo a seguir ao fenoxietanol, que está concentrado a 0.4%-0.6%, logo, o perfume está abaixo de 0.6% (vamos considerar este valor).

Que conclusões podemos tirar deste produto?

Que este produto, de "enriquecido com óleo de argão" não tem nada. Reparem, está numa concentração abaixo de 0.6%, pelo que só tem "uma gota" por cada 100 gramas de champô. Quase que literalmente. O que leva a concluir que este é um produto que devemos deixar bem quietinho na prateleira e nem pensar em gastar dinheiro com ele, pois será dinheiro deitado fora. Um investimento mal feito.

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Para quem está habituado a (e sabe) ler rótulos, consegue ter esta sensibilidade de perceber quais os produtos que valem a pena ou não (com base na lista de ingredientes). Às vezes, os produtos alegam ter uma acção hidratante e alegam ter óleo de argão na composição quando, no fundo, apresentam baixas concentrações de óleo de argão (ficando o produto mais barato) e alta concentração de silicones, cuja função é formar uma barreira na nossa pele e impedir que a mesma desidrate.

E este é apenas um dos muitos exemplos que existem. A seu tempo, irei trazer-vos mais assuntos como este para debatermos. Espero que esta publicação vos tenha sido útil para uma próxima ida ao vosso local de eleição para comprar produtos cosméticos para a vossa pele ou cabelo.

Quem aí já utilizou óleo de argão na pele?

16 comentários:

  1. nao sei se é a melhor utilização mas costumava usar oleo de argão no verão para hidratar a pele depois do sol. e colocava também nas pontas do cabelo para nutrir! excelente post! muito informativo! ja aprendi umas coisinhas!
    TheNotSoGirlyGirl // Instagram // Facebook

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    1. Desde que seja um bom produto e concentrado em óleo de argão utilizavas bem. Mas algo que também ajuda (nos pós-sol) é misturares umas gotas de óleo de rosa mosqueta com o teu creme hidratante habitual. Tens uma acção regeneradora e hidratante potenciada. Experimenta ;)

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  2. Comecei a ter este cuidado recentemente e realmente há aspectos em que me sinto "enganada" pela cosmética. Já comprei e inclusive falei sobre produtos cujas coisas não eram tão bonitas quanto pareciam.

    THE PINK ELEPHANT SHOE

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    1. Eu podia fazer, pelo menos, mais dois textos deste género: um sobre ácido hialurónico e outro sobre a Vitamina E. Ainda poderia fazer outro sobre marketing em cosmética ;) ficarias surpreendida com algumas coisas. Até eu fico ;)

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  3. Que super dica, amei esse post :)

    https://www.submersaempalavras.com/

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  4. Confesso que raramente olho para os rótulos dos produtos de higiene/cosmética, mas vou começar a estar mais atenta!

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    1. Não é uma coisa fácil. Eu ainda ando a estudar e ainda tenho muita coisa para aprender, mas o caso do óleo de argão consegue ser o mais "popular", a par do ácido hialurónico.

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  5. Saber ler um rótulo é mesmo importante, mas sinto que grande parte das pessoas ainda tem bastante dificuldade nisso - eu incluída. Portanto, publicações como estas são de máxima ajuda!
    Março começou de uma excelente forma por aqui. Obrigada :)

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    1. Não é qualquer pessoa que consegue ler bem um rótulo. Confesso que, em alguns produtos, ainda tenho dificuldade, mas pesquiso, estudo e questiono quem sabe mais do que eu (porque eu gosto sempre de aprender com quem sabe mais do que eu e debater isso com essas pessoas). Mas estas duas formulações, para quem está habituado a ler rótulos, detecta imediatamente algo estranho ;)

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  6. Só utilizei óleo de argão no shampoo, mas agora que referes vou tratar de ler o rótulo para me informar melhor se realmente tem concentração que possa ser considerado "óleo de argão".

    Quero saber qual é esse produto para a pele! :)

    Beijinhos,
    Cláudia

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    1. Muitas pessoas utilizam produtos com óleo de argão. No entanto, a concentração não é suficiente para o efeito que alega.

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  7. Que interessante! Confesso que sou totalmente leiga nestas matérias mas chamou-me a atenção porque o meu gel de banho é de óleo de argão (vou já lá cima espreitar o rótulo!!!).
    Gostei mesmo muito das dicas e vou estar atenta aos rótulos!

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    1. Este é apenas um dos exemplos que "sofre" com o marketing ;) mas se quiseres, eu posso dar uma olhada ehehe

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  8. Obrigado, Ricardo :D

    tu és um master! ótimo post, amigo!

    NEW FASHION POST | WEEKLY TREND: NEON IS THE COLOR
    InstagramFacebook Official PageMiguel Gouveia / Blog Pieces Of Me :D

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