Entrevista | Conheçam Melhor - Elisa Reis
Começamos o ano com mais uma entrevista. Desta feita, a uma colega minha farmacêutica.
Elisa Reis! Para quem nunca ouviu falar, posso dizer-vos que a Elisa é farmacêutica, com formação em maquilhagem e com um projeto digital bem recente. Se querem alguém que consegue conciliar a formação especializada com a maquilhagem, a Elisa é esse alguém.
Vamos conhecê-la um pouco melhor?
Quem é a Elisa?
A Elisa é uma farmacêutica e maquilhadora de 27 anos que se define como uma antítese. Por um lado, é apaixonada por skincare e maquilhagem, mas, por outro, não dispensa uma bela bifana antes de um jogo de futebol. Só se sabe rir e divertir-se ao máximo, enquanto se distancia dos afetos e abraços. É nesta oposição que vive bem!
De onde surgiu a vontade de criar um projeto digital?
Durante anos eu sempre me considerei "a amiga que lê os blogues". Há malta no digital que eu sigo há mais de 10 anos, cresci com eles e até cheguei a chorar algumas vezes com as partes más das suas vidas. Criei o projeto A Make-up Pharmacist pois queria falar para todas "as amigas que leem blogues" e que não tinham ninguém com quem falar, tanto sobre skincare como maquilhagem. É curioso que era assim que eu me sentia, pois dentro do meu círculo de amigos, são poucas as pessoas com interesse nesta área.
Quem pretendes alcançar?
Raparigas/mulheres "iguais" a mim, que queriam explorar ambas as áreas (skincare e maquilhagem) e que querem saber mais sobre como cuidar da pele e sentirem-se ainda mais bonitas todos os dias! E isto tudo de forma muito pragmática, simples e rápida, pois é a única forma que eu sei comunicar.
Qual o teu objetivo com o teu projeto online?
Criei este projeto há 3 meses e confesso que sou péssima com objetivos a longo prazo (ando a tentar mudar isso). Mas diria que criar uma comunidade que se relacionasse excelentemente comigo e é o que tenho vindo a fazer. É o que me dá mais gozo todos os dias: saber que ajudei alguém. Será que algum dia me irão reconhecer na rua e agradecer-me? Talvez tenha de definir isto como o meu objetivo máximo deste projeto!
Falemos de redes sociais...
Achas que há sempre lugar para novos projetos ou este "mundo" já está saturado?
Eu acredito profundamente que um seguidor passa por uma fase em que "dá" com o nosso perfil, e até se identificou com algum tipo de conteúdo, mas depois fica porque adorou a nossa personalidade. E neste "mundo" não há duas pessoas iguais! Dentro da área de beleza, há imensos projetos interessantes - que eu própria sigo - e ninguém comunica da mesma forma. E nós vamos lá "bater" no mesmo tema, até porque a pele não se reinventa.
Estamos a ser criados numa sociedade que não questiona o que lê.
Tenho a certeza que há quem sem identifique com perfis mais técnicos. Por outro lado, há quem comunique de forma mais pragmática que chega ao utilizador diário que quer começar do zero. E isto é válido para qualquer área! Podemos estar num mundo digital e virtual e, supostamente, com relações mais longínquas, mas, no fim, o que conta são as pessoas e há pessoas no digital com quem me sinto muito próxima, apesar de nunca ter estado com elas.
Relativamente à informação divulgada (na área da beleza): há informação correta ou achas que grande parte comunica erradamente ou conceitos que nos podem prejudicar?
Eu costumo dizer que "a tua opinião não vale de nada se não se basear em factos" e é nisto que se baseia a informação correta. Principalmente na área dos cuidados de pele. Tu podes basear a informação que passas na tua experiência e naquilo que resultou com a tua pele, mas, quando falas dessa situação, não deves informá-la como sendo a forma correta de o fazer. E, às vezes, não há uma clara definição desta diferença por parte de quem está a comunicar.
Depois estas questões podem prejudicar o "consumidor de informação", pois estamos a ser criados numa sociedade que não questiona o que lê. Assume aquilo como "certo" e pronto, não vai buscar mais fontes, não tira as suas dúvidas todas e porquê? Porque a relação com aquela pessoa é forte de tal maneira que confiam piamente na sua opinião.
Enquanto farmacêutica, é algo que te preocupa?
Obviamente. Enquanto profissional de saúde, preocupa-me imenso que a opinião de certas pessoas se torne "lei" no que toca a cuidados de saúde (seja skincare ou não). Existem imensos conceitos que se estão a enraizar na sociedade que não fazem qualquer sentido. E só este tema dava para uma entrevista própria.
Quais as tuas inspirações neste "mundo"?
Ui... sou mesmo uma pessoa que se inspira em várias fontes (no bom sentido, ok?) e debato ideias todos os dias com imensa gente, cujo trabalho adoro. Mas, quando penso em inspiração, vêm-me logo à cabeça três pessoas: Maria Gonçalves, Sara Fernandes e Sara Costa Neves.
A Maria Gonçalves é uma máquina do marketing digital e eu aprendo imenso com a sua forma de trabalhar, pois é uma pessoa que comunica da mesma forma que eu: muito direta à questão, tentando sempre inovar em tudo o que faz.
A Sara Fernandes é das bloggers mais antigas que sigo - lembro-me perfeitamente de a ver na FFUL (Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa) ainda era eu caloira (há 7 anos, portanto) e adoro a sua filosofia técnica sobre skincare.
A Sara Costa Neves é uma inspiração recente, mas que não podia deixar de referir. É a pessoa com quem faço mentoria e foi o seu trabalho que me fez ter a certeza que devia dar o passo em frente para este projeto.
Quais as maiores dificuldades em conciliar a vida profissional com o teu projeto online?
Em primeiro lugar, considero-me uma pessoa bastante organizada no meu dia-a-dia e este projeto digital só veio comprovar isso.
Depois tenho a "sorte" de, por causa da minha profissão, o meu telemóvel ser uma "extensão" do meu braço. Isso facilita-me imenso na conciliação destes dois mundos, principalmente no que toca a interagir rapidamente com alguém que me mande mensagem (por exemplo). Mas tenho horas bastante bem definidas para cada lado da minha vida, de forma a que ambos os lados tenham o seu próprio espaço.
Redes socias: vemos a realidade ou a personificação de uma vida perfeita?
Vemos sempre aquilo que as pessoas do outro lado querem que nós vejamos. E dou o meu exemplo: eu não sou uma pessoa propriamente amigável. Na verdade, às vezes, sou muito bruta a comunicar na minha vida pessoal. No instagram tento suavizar esse lado sem deixar de ser direta. É como se fosse um "eu" melhorado (e até é a personalidade que eu desejo atingir), por isso não considero que deixo de ser eu própria.
As pessoas que me conhecem via instagram vão saber exatamente o que eu sou na vida real - demasiado transparente neste aspeto pessoal!
"Vedetas" nas redes sociais: existem?
Claro! As redes sociais são um espelho daquilo que existe no "mundo real". Quem é que nunca teve numa equipa de trabalho em que não houvesse uma vedeta? Existe sempre aquela pessoa que se destaca, seja pelas boas ou más razões (normalmente pelas más)...
E umbiguismo?
Totalmente. Estou genuinamente surpreendida pela quantidade de pessoas no digital que ainda tem medo do sucesso dos outros, que ainda não entende que há clientes para toda a gente, que há marcas que chegue para toda a gente trabalhar e que têm medo de, simplesmente, ajudar. Tem de haver solidariedade em todas as áreas. Para mim, é impensável eu não partilhar o projeto de alguém se o adorar, mesmo que seja "concorrente" do meu.
Algo que nunca farias nas redes sociais, por melhor que fosse a proposta?
Algo que fosse contra aquilo em que acredito enquanto farmacêutica. Posso dar um exemplo muito concreto: fazer uma parceria com uma marca em que eu tivesse de expor algum tipo de informação que soubesse que não era correta. Não faz sentido para mim e há tantas estratégias de marketing com as quais não concordo.
Quem é mais responsável por algum trabalho que vemos: as marcas porque não se preocupam em arranjar criadores de conteúdos alinhados com a sua filosofia ou estes últimos que não sabem ser profissionais?
Definitivamente, os dois. Tu podes dizer "Não" a uma marca por não concordares com a proposta, por ser completamente disparatada e até ofensiva, mas depois há outra pessoa no mercado que aceita e vai tudo "por água abaixo". E isto acontece em todas as áreas. Na minha opinião, ambas as partes têm de ser fiéis à sua filosofia.
Espero, um dia, ver reais mudanças neste aspeto: as marcas a apostarem em pessoas alinhadas com a filosofia daquele produto e as influencers a serem fiéis com as marcas com que trabalham e deixarem de dizer que "aquele produto é fantástico" só porque foram pagas para tal (mesmo que escrevam lá o #pub).
Existe alguma coisa que te irrita nas redes sociais?
Irrita-me pessoas que apregoam para toda a gente ouvir que as redes sociais são o oitavo pecado mortal e que todos nós somos pecadores porque "vivemos" disto. Este pensamento ainda está demasiado enraizado. Tanto que ainda há muita gente com medo/vergonha de avançar com um projeto no digital por causa destas pessoas e do que elas poderão dizer.
Dentro das redes sociais, é tão fácil ter o direito de escolher quem se quer seguir e, se aquela pessoa me afetar negativamente, basta dar unfollow e ser uma pessoa feliz.
O que é que este projeto já te trouxe de positivo?
As pessoas. Eu acredito que de tudo o que fazemos na vida, o melhor que retiramos são as pessoas. Com este projeto tive a oportunidade de me voltar a aproximar de pessoas de quem estava um pouco afastada, simplesmente porque descobrimos que, afinal, temos um gosto em comum.
Definitivamente, toda a interação e mensagens que recebo diariamente é o que me deixa mais feliz. Sinto-me extremamente agradecida quando recebo uma mensagem em que o assunto é "Estou super contente com os produtos que me aconselhaste. Muito obrigada!".
Quais os próximos passos?
Acabar a minha formação em maquilhagem e continuar a trabalhar na novidade que vou lançar nos próximos meses. Estou muito nervosa para este último ponto, pois é uma coisa que ainda não vi ninguém a fazer e então tenho medo de qual vai ser a reação do público.
Desejos para este novo ano que começou há dias?
Que seja um ano em que eu olhe para trás e sinta que aprendi e fiz muitas coisas novas - é o que eu mais quero. Estou numa fase em que ando a experimentar coisas diferentes do que é habitual e sinto que estou a ganhar muito com isso!
Metas a atingir futuramente.
Neste momento, existem tantas versões minhas que está a ser difícil parar e definir metas concretizáveis e realistas. Para o A Make-up Pharmacist estão bem definidas: quero conseguir entregar cada vez mais valor com os meus serviços de maquilhadora, enquanto aprendo e dou a aprender cada vez mais neste mundo digital. Mas, por outro lado, há um lado meu pessoal e profissional que não podem ser descurados. 2021 vai ser um ano de desafios para estes dois últimos e vamos para onde o ano me leva.
Termino, assim, a entrevista que fiz à Elisa Reis. Agradeço à Elisa por ter aceite o meu convite e, se vocês ainda não a seguem, convido-vos a seguir o projeto dela, pois é um daqueles projetos que acho que vale a pena.
É um nicho que me escapa um pouco e não sigo mais ninguém para além de ti e da Miss Melasma.
ResponderEliminarMas dou os parabéns a quem luta para crescer e trazer a sua visão ao mundo digital.
O projeto da Elisa é bem recente, e vale a pena, pelo que achei que seria uma mais-valia ser apresentado aqui no blogue!
EliminarNão conhecia a Elisa, mas adorei ler esta entrevista porque me "revejo" nalguns dos pontos de vista dela, sobretudo no que diz respeito às redes sociais. Já a segui!
ResponderEliminarBeijinhos
Fico contente que assim seja. Sinal que consegui passar a mensagem :)
EliminarNão conhecia a Elisa, mas fiquei curiosa e vou espreitar. Adorei a forma como ela respondeu, mesmo à questões mais difíceis ;) .
ResponderEliminarParabéns pela entrevista!
Obrigado eu pelo feedback. O projeto da Elisa é muito recente, mas tem um propósito bastante interessante.
EliminarBeijinhos.
Na conheciamos a Elisa mas depois de ler vamos querer saber mais dela.
ResponderEliminarÉ um projeto que vale a pena :)
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