Como Visitar Sevilha em Quatro Dias? - Parte I
Parece mentira, mas estou a escrever no blogue novamente. Qual o tema? Como visitar Sevilha em quatro dias.
Ao fim de alguns meses, sento-me novamente à secretária e abro a plataforma que utilizo para escrever no blogue para, efetivamente, escrever e publicar mais um texto. Sei que este texto já foi prometido por mim há quase um mês, mas entre trabalho, consultorias, questões pessoas - #projetonovo2 - instagram e preparação de um novo projeto - #projetonovo1.2 - este texto acabou por ficar adiado.
Mas nada temam, que ele está aqui!
O texto com um roteiro sobre Sevilha será dividido em dois textos: para quem conhece Sevilha, sabe que esta cidade pode ser "dividida" em quatro partes (na realidade, cinco, se considerarmos o outro lado do rio Guadalquivir): El Arenal, Santa Cruz, La Macarena (a Norte) e Parque Maria Luísa (mais a Sul). Assim, hoje irei falar do que visitar nas zonas de El Arenal e La Macarena e, no segundo texto, Santa Cruz e Parque Maria Luísa.
NOTA: irei falar de sítios que visitei, com um pouco da história por detrás de cada local e ainda dicas e preços de bilhetes (se aplicável). Saliento que percorri a cidade toda a pé, andando entre 15 a 20 km a pé por dia, de modo que gastei bastante as solas das sapatilhas #RindoAté2050
Vamos lá?
EL ARENAL
Outrora local do porto de Sevilha, El Arenal também abrigou depósitos de munições e um quartel de artilharia. Agora, o ambiente é marcado pela Plaza de Toros de la Maestranza. Na época das touradas, bares e restaurantes da área estão cheios (vão percebem a razão pelas quais estavam quando estive lá, mesmo em tempos de pandemia). A margem do Guadalquivir é denominada pela Torre del Oro, de estilo mourisco, enquanto o comprido passeio público no Paseo de Cristóbal Colón é perfeito para um passeio ao longo do rio.
Hospital de la Caridad
Adianto já que não se assemelha a um Hospital "comum", devido à sua arquitetura. A Irmandade e Confraria da Santa Caridade foi fundada no século XV com a finalidade de acompanhar os condenados à morte nos seus últimos momentos, para além de enterrar os afogados no rio e os falecidos por epidemias.
As funções da Santa Caridade sofreram uma importante mudança de rumo com a chegada de Miguel Mañara, que se encarregaria da criação de um hospício para dar hospedagem e comida aos desfavorecidos. Algum tempo depois, também se encarregou da construção de uma zona dedicada aos doentes terminais, repudiados noutros lugares.
Atualmente, o Hospital de la Caridad continua a acolher os idosos sem recursos. A receita das visitas turísticas é revertida para a manutenção das instalações.
Se é um local obrigatório de se visitar? Não considero. Apenas se tiverem tempo de passar por lá e apreciarem a fachada exterior que, de facto, é bem bonita.
Plaza de Toros de la Maestranza
É um sítio que gerou polémica no meu instagram - perfeitamente compreensível - mas vocês não têm noção do quão aficionados os sevilhanos são por touradas. Mais ainda, no dia da minha visita à Plaza, iria decorrer a primeira tourada em dois anos - devido à pandemia - o que fazia com que a própria guia estivesse bastante entusiasmada.
Esta Plaza é a mais famosa de Sevilha, construída entre 1761 e 1881, e a mais grandiosa de Espanha. Embora a arte do matador (toureiro) não tenha a popularidade de outros tempos, este palco brilhante de sol, com paredes brancas, barreiras vermelho-sangue e cruel arena continua a ser um elemento crucial e característico da cidade. Mesmo não gostando desta arte, a arena é bem bonita esteticamente e vale a pena uma visita.
Tem capacidade para 12500 espetadores e podem fazer a visita de duas formas: sozinhos, em que o bilhete custa 10€; ou com uma guia, custando o bilhete 25€. Eu escolhi esta última. As visitas guiadas começam na entrada principal, no Paseo Colón. A oeste fica a Puerta del Príncipe, por onde os matadores triunfantes são transportados pela multidão aficionada. Também temos oportunidade de visitar um museu com pormenores da história de tourada em Sevilha (com cartazes, retratos e trajes), incluindo uma capa púrpura pintada por Pablo Picasso. As visitas terminam na arena onde temos verdadeiramente noção da dimensão da Plaza.
NOTA: em Espanha, os touros são mortos. A carne que retiram dos touros é dada às famílias desfavorecidas de Sevilha. Em 2020, em plena pandemia, não houve touradas, pelo que não houve a morte dos touros na arena. No entanto, os touros, ao atingirem a idade "ideal", foram, igualmente, mortos e, cumprindo a "tradição", a carne foi dada às famílias desfavorecidas.
Torre Del Oro
Na Sevilha Mourisca, a Torre del Oro fazia parte das muralhas de defesa, ligadas ao Real Alcázar. Foi construída em 1220, quando Sevilha era controlada pelos Almóadas, como torre de vigia, havendo uma segunda torre na outra margem do rio. As duas estavam ligadas por uma grossa corrente de ferro para evitar que navios inimigos subissem o rio. A torreta superior foi acrescentada em 1760.
O ouro a que o nome se refere pode ser devido aos azulejos que, outrora, a cobriam; ou às riquezas das Américas que ali eram descarregadas. Atualmente, a torre funciona como Museu Marítimo, sendo possível subir ao seu cume. O bilhete custa 3€ por pessoa, mas acreditem que vale bem a pena, tendo em conta as vistas que têm sobre a cidade.
Outros sítios/atividades que podem visitar:
- Ponte Triana: que dá para o Bairro de Triana, um sítio bem menos turístico e onde se come bem;
- Passeio das Delícias: ao longo do rio. Acreditem que vale bem a pena. Do lado de Triana, caminhem ao longo da Calle Bétis à beira do rio. É um passeio bem agradável;
- Museu de Belas Artes: eu não visitei, mas os bilhetes custam 29€ e podem ser comprados online (na altura em que estive), e não têm direito a visita com guia. Terão que visitar por vocês mesmos;
- Têm a possibilidade de fazer um passeio de barco pelo rio. Eu não fiz, pois não vi interesse, mas para quem tiver interesse, eis o meu conselho: façam-no ao final da tarde, pois as temperaturas estarão mais agradáveis.
NOTA: visitei a zona de El Arenal no penúltimo dia e foi quando apanhei a temperatura mais alta - 32ºC - mas nada comparado com os mais de 40ºC que por vezes se vivenciam em Sevilha em Setembro.
LA MACARENA
Um passeio nesta área permite captar o quotidiano de uma parte de Sevilha que não está "atacada" pelas massas turísticas, como por exemplo, Santa Cruz (irei abordar esta zona no outro texto e é onde se encontra a Catedral de Sevilha, por exemplo). A Calle de la Feria, a principal rua para se fazer compras, é mais visitada durante a manhã quando a atividade é maior e as bancas do mercado estão repletas de peixe fresco e legumes.
No entanto, o final de tarde é uma boa altura para descobrir o elevado número de igrejas, abertas para a Missa. É também a altura em que os locais acorrem aos bares do bairro para tomares uma bebida e comerem tapas.
NOTA 1: eu não aprecio (nem como assim tantas vezes) presunto, mas comia, pelo menos, duas tapas de jamón ibérico todos os dias, que é ótimo!!!! #RIndoAté2050
NOTA 2: sou só eu que me lembro da música dos Del Rio quando leio Macarena? #Rindo Ou então posso pensar na Macarena do Vis-A-Vis...
Basílica de la Macarena
Esta Basílica foi construída em 1949 no estilo neobarroco de Gómez Millán como a nova morada da muito adorada Virgen de la Esperanza Macarena. Fica do lado da Iglesia de San GIl, do século XIII, onde a Virgen esteve até um incêndio que ocorreu em 1936.
A imagem da Virgen ergue-se no altar-mor, entre cascatas de ouro e prata (acreditem que é um altar bem bonito, mas não é permitido tirar fotos dentro da Basílica, pelo que não consigo trazer-vos uma foto do mesmo. No entanto, no Google conseguem encontrar algumas imagens tiradas ilegalmente #Rindo).
A devoção à Virgen de la Macarena atinge o seu auge na Semana Santa quando a imagem é trazida para as ruas num andor coberto por um dossel decorado com flores brancas, velas e pratarias. Acompanhada por penitentes encarapuçados, aos gritos de "Guapa!", a Virgen percorre um trajeto que vai da Basílica de la Macarena até à Catedral de Sevilha durante as primeiras horas da Sexta-Feira Santa.
NOTA:
- Não se podem tirar fotografias dentro da Basílica, muito menos durante a Missa. Este último ponto é válido para todas as igrejas.
Convento de Santa Paula
Erguido em 1475 e ainda residência de 40 freiras. Pode ser visitado, pois tem um Museu lá dentro (eu não o fiz). As escadas conduzem a duas galerias repletas de pinturas e artefactos religiosos. As janelas do segundo piso estão viradas para o claustro das freiras onde, à tarde, ecoam gargalhadas durante a hora de recreio. As freiras confecionam marmeladas e compotas que os visitantes podem adquirir numa sala perto da saída (há que tentar ganhar dinheiro para ajudar na restauração do Convento, certo?)
Possui ainda um jardim meditativo e no interior, a nave tem um teto trabalhado em madeira esculpida onde podemos ver estátuas de São João Evangelista e São João Baptista, esculpidas por Juan Martínez Montañés.
Iglesia de San Marcos
Esta Igreja do século XIV conserva muitos traços mudéjares, nomeadamente La Giralda, semelhante a uma torre (baseada no minarete de uma antiga mesquita) e a decoração da porta gótica na Plaza de San Marcos. O restauro do interior, engolido pelo fogo em 1936, devolveu o brilho aos arcos em ferradura da nave.
Uma estátua de San Marcos com um livro e uma pena está no canto esquerdo. Na praça, nas traseiras da Igreja, fica o Convento de Santa Isabel, fundado em 1490, que se tornou numa prisão feminina no século XIX.
Iglesia de San Pedro
Esta foi a igreja onde o pintor Diego Velázquez foi batizado em 1599 e apresenta um típico misto sevilhano de estilos arquitetónicos. Elementos mudéjares subsistiram no ladrilhado lobado da torre que termina num campanário barroco. A porta principal encontra-se virada para a Plaza de San Pedro e é outro ornamento barroco acrescentado por Diego de Quesada em 1613. Podemos ainda ver uma estátua de San Pedro que, de acordo com os locais, dizem que olhem desdenhosamente para o trânsito (tem a sua piada, vá).
Outros sítios a visitar:
- Parlamento de Andaluzia: perto da Basílica de la Macarena. Mesmo em frente a esta tem paragens de autocarro e um jardim ladeado por um gradeamento. Dentro deste temos os jardins do Parlamento e o edifício ao fundo;
- Iglesia de Santa Catalina: como todas as outras igrejas, o ideal é visitar o seu interior ao final do dia. Ter em atenção que decorre Missa e que não se podem tirar fotografias.
Onde comer:
- El Rinconcillo: foi aqui que almocei no primeiro dia e posso dizer-vos que, tanto a comida, como o serviço são excelentes. Sem dúvida que será um local a visitar novamente numa próxima visita a Sevilha. O meu conselho? Tentem ir cedo ou quando o restaurante abre; caso contrário, apanham fila e vão ter de esperar imenso até arranjarem mesa para se sentarem.
Termino, assim, a primeira parte do meu roteiro por Sevilha. Espero que tenham gostado e que este texto vos tenha aguçado o apetite e deixado com vontade de visitar Sevilha. Para aqueles que já foram, espero que tenham gostado de relembrar alguns sítios que falei aqui. Na segunda parte, irei falar das zonas de Santa Cruz e do Parque Maria Luísa, por isso, estejam atentos.
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