Veneza | Como Tirar O Maior Partido Desta Cidade? - Parte 1
Voltei ao blogue e começo como? Com uma parte do roteiro por Veneza!
Depois de uns quantos meses parado, eis que chegou a altura de, aos poucos, voltar aqui ao blogue. Sinto verdadeiramente que é um sítio onde gosto de escrever e acho que vocês - dos poucos que ainda estão desse lado (acredito que tenha perdido muitos de vocês) - também gostam!
Assim, neste texto (e num segundo a publicar posteriormente) irei fazer um pequeno roteiro por Veneza, com os sítios que visitei ao longo dos 3 dias em que lá estive (na realidade, estive 4 dias, mas o último foi só regressar, pelo que não conta), assim como dar-vos dicas e indicações de como aproveitar e agilizar o vosso tempo disponível ao máximo.
De salientar que, nos últimos dias, tenho andado a fazer igualmente roteiro pelo meu feed de Instagram, mas aqui no blogue, conseguem encontrar informação mais detalhadas.
Vamos lá?
Ponte di Rialto
A Ponte di Rialto, o "rivo" alto, "margem alta", era das zonas mais firmes da lagoa, por isso foi sem surpresa que lá se instalaram as primeiras povoações, com o bairro a tornar-se o coração comercial da cidade. As duas margens estavam ligadas por uma ponte de barcas e a primeira estrutura permanente de madeira foi erigida no século XIII.
Os mercados trocavam artigos europeus por produtos exóticos do Oriente, enquanto os bancos e as companhias internacionais ditavam os preços no mundo conhecido. O monopólio terminou em 1498, quando Vasco da Gama dobrou o Cabo e descobriu o caminho marítimo para a Índia e Extremo Oriente. A atual ponte (1588-1591) foi desenhada por Antonio da Ponte - as lojas surgiram mais tarde.
Mercato di Rialto
O Rialto continua a ser uma zona comercial, embora hoje em dia mais centrada na comida, com áreas abertas repletas de bancas de peixe, frutas e vegetais. As ruas envolventes, cujos nomes evocam os artigos comercializados, albergam algumas das melhores mercearias, talhos, padarias, leitarias e charcutarias da cidade.
A melhor forma de apreciar a vida de Veneza é juntando-se aos lojistas madrugadores para dar uma vista de olhos enquanto aprecia os aromas e sons do mercado. Eu cheguei lá a meio da manhã e não havia grande confusão.
Chiesa di San Giacomo di Rialto
Modesta no exterior, mas interessante no interior, esta igreja, situada no bairro de San Polo, é capaz de ser uma das mais velhas em Veneza. Ninguém sabe, ao certo, que idade tem a Igreja.
Se confiarmos nas lendas, poderá ter sido construída logo no século V. Os documentos mais antigos existentes contam-nos que já estava de pé no século XII. Desde então a Igreja já passou por várias reconstruções, nenhuma das quais mudou o seu aspeto por completo. Segundo dizem, terá sobrevivido a um incêndio devastador que destruiu a ilha de Rialto por completo.
Atualmente, a igreja alberga um pequeno museu de instrumentos de corda medievais. No exterior, podemos ver um enorme relógio na torre da Igreja. Este foi acrescentando no século XV e nunca "diz" as horas certas.
NOTA: a entrada é gratuita.
Chiesa Santa Maria Gloriosa dei Frari
Se vos dessem a escolher uma única obra de arte em Veneza, poderia muito bem ser o retábulo de Bellini desta igreja, o maior e mais importante da cidade.
Fundada por volta de 1250, tornou-se a principal igreja dos franciscanos da cidade, dos quais ganhou o nome - "frari" é uma corruptela veneziana para "frati", ou seja, frades. Muitos dos homens importantes e beneméritos da cidade foram sepultados na igreja, entre os quais o pintor Ticiano (falecido em 1576), cujo túmulo do século XIX ocupa o segundo altar na parede à direita. Em frente, do lado esquerdo, fica o "Monumento al Canova" (1827) - em restauros quando visitei - pirâmide de mármore que guarda o coração do escultor. O compositor Claudio Monteverdi (falecido em 1643) está sepultado na terceira capela à esquerda do altar principal.
A empolgante e estilisticamente inovadora "Assunção" (1516-1518) de Ticiano sobre o altar principal atrai de imediato a atenção. No entanto, o mais bonito (se bem que achei que poderia estar mais ornamentado) é o tríptico de Giovanni Bellini "Nossa Senhora e Criança entre os Santos Nicolau, Pedro, Marcos e Bento" (1488), na sacristia. Para além deste retábulo, o coro é uma parte importante a visitar nesta igreja dada a sua imponência.
NOTA: a entrada tem o valor de 5 euros.
Scuola Grande di San Rocco
É aqui que vemos 54 pinturas de Tintoretto a adornar todas as paredes e tetos desta "Scuola".
Inicialmente uma instituição de caridade para os enfermos, foi fundada em 1478 em honra a São Roque, cujo empenho no combate à doença o tornou muito popular na Veneza assolada pela peste. Em 1564, a "scuola" fomentou uma competição para decorar o salão. O vencedor, Tintoretto, passou 23 anos a criar um dos maiores ciclos de pinturas da Europa.
Para apreciar as 54 pinturas de Tintoretto pela ordem em que foram criadas, em primeiro lugar, há que ir ao primeiro andar e nos dirigirmos à Sala dell'Albergo (em frente ao salão principal) onde vemos uma enorme "Crucificação" (1565), uma das maiores pinturas de Itália (imagem que aparece no banner deste texto). Na Sala Grande há pinturas no teto (1575-1581) a representar episódios do Velho Testamento, cuidadosamente escolhidos para estabelecer paralelos com os objetivos beneficentes ou curativos da "scuola".
NOTA: a entrada tem o valor de 10 euros.
Ponte dell'Accademia
Se compararmos esta Ponte à di Rialto, vemos grandes diferenças. Primeiro, não encontramos lojas ao longo da Ponte, depois a ponte é feita em madeira e serve apenas de passagem de San Marco para Dorsoduro, uma das zonas mais acessíveis e não tão turísticas de Veneza. No entanto, esta zona não deixa de ter sítios para visitar, nomeadamente a...
Galleria dell'Accademia
É fundamental visitar a Galleria, principalmente, se são apreciadores de arte. A Accademia começou por ser a escola de arte de Veneza em 1750, tendo mudado para a presente localização em 1807 quando recolheu grande parte da atual coleção em igrejas e espaços religiosos suprimidos por decisão napoleónica.
O edifício combina uma exposição moderna e cheia de tecnologia, no rés-do-chão, com galerias tradicionais nos pisos superiores. Alguns dos quadros mais conhecidos da galerias são obras bizantinas. Telas de Carpaccio, Mantegra, Bellini e outros simbolizam o auge da Renascença de Veneza, juntamente com o quadro mais famoso da Accademia, o misterioso "Tempestade" de Giorgione (1550).
Entre as obras-primas da Alta Renascença figuram "Ceia na Casa de Levi" (1573), de Veronese, e os iconoclásticos "Milagre do Escravo" e "Transladação do Corpo de São Marcos" (1560), de Tintoretto.
NOTA: a entrada tem o valor de 12 euros. Se pretenderem, podem adquirir o áudio guia por mais 6 euros. De salientar que, aquando a compra do bilhete na recepção, eles ficam com o vosso cartão de cidadão, sendo que vos é devolvido assim que devolverem o áudio guia.
Chiesa Santa Maria della Salute
Numa cidade onde quase todas as ruas e canais oferecem paisagens memoráveis, esta igreja integra a famosa vista que as pessoas por norma associam a Veneza (pois da entrada vemos a Praça de São Marcos com o vistoso Campanário). No entanto, durante a minha visita, a fachada encontrava-se em obras, pelo que não deu para "perceber" o aspecto da Igreja.
O principal impacto da Salute é o deslumbrante pormenor do exterior e a grande cúpula concebida (à imagem da de São Pedro, em Roma), que formam um elemento inconfundível na linha do horizonte veneziano. O interior é mais contido e o requintado chão de mármore salta à vista. Virando à esquerda após a entrada lateral, o último dos três altares ostenta um dos trabalhos iniciais de Ticiano - "Descida do Espírito Santo" (1550).
O altar principal sustenta "A Virgem a Expulsar a Peste" (1670), uma escultura desenhada por Loghena e esculpida por Juste le Court. A figura suplicante representa Veneza, enquanto a bruxa velha a afastar-se para a direita simboliza a peste.
NOTAS:
- A entrada é gratuita
- Veneza é sempre representada por uma mulher loira e mais ou menos roliça. Podem ver isso em esculturas, assim como em pinturas.
Terminamos, por aqui, esta primeira parte do roteiro por Veneza. Espero que tenham gostado deste regresso e do texto que me levou a tal e, daqui a alguns dias, surgirá aqui a segunda parte do roteiro. Até lá, acompanhem as publicações no meu instagram (ainda não me seguem?).
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