Glúten | Haverá Alguma Relação Com O Selénio? Como?
Hoje trago-vos outro assunto mais ou menos sério que envolve o glúten.
Depois de, na semana passada, vos falar de um "distúrbio" alimentar - a Ortorexia - hoje venho falar-vos do selénio (um componente negligenciado pela maior parte das pessoas, mas que assume extrema importância) e a sua relação com a intolerância ao glúten.
Para além disso, e tendo em conta as últimas "tendências" e "modas" na blogosfera, venho explicar-vos se há (ou não) alguma necessidade em particular para o cuidado da pele em pessoas com esta intolerância. Sim, há teorias para tudo.
Como assim Pinguim? Mas as pessoas intolerantes ao glúten têm que usar cremes específicos?
Calma que, a seu tempo, explico-vos tudo. Agora comecemos por uma pequena introdução à "doença" (odeio esta palavra, mas tem de ser).
Antes de mais, digo-vos que isto é uma realidade e apenas e só as pessoas que têm esta intolerância diagnosticada é que, idealmente, devem adoptar uma dieta sem glúten, ou seja, tudo o que seja farináceos, devem ser sem glúten. Só nestes casos é que faz sentido adoptar esta dieta. Ingerir alimentos sem glúten porque é "fixe" ou porque "está na moda e toda a gente faz" é só estúpido e ridículo.
Perdoem-em a frontalidade, mas satura-me ver pessoas armadas em Deuses da nutrição que incentivam a dieta sem glúten a toda a gente, sem perceber "um corno" daquilo que está a dizer!
O que é a intolerância ao glúten?
A intolerância ao glúten não celíaca é a incapacidade ou dificuldade de digestão do glúten, que é uma proteína presente no trigo, no centeio e na cevada. Nessas pessoas, esta proteína danifica as paredes do intestino delgado, provocando diarreia, dor e inchaço abdominal, além de dificultar a absorção de nutrientes.
Já na doença celíaca ocorre também intolerância ao glúten, mas há uma reacção do sistema imunológico, causando um quadro mais grave, com inflamação, dores intensas e diarreias frequentes.
Quais os sintomas?
Estes podem ser observados no bebé assim que há introdução dos cereais na sua alimentação. Os mais comuns são:
- Diarreia frequente, de 3 a 4 vezes por dia, com grande volume de fezes;
- Vómito persistente;
- Irritabilidade;
- Perda de apetite;
- Emagrecimento sem causa aparente;
- Dor abdominal;
- Abdómen inchado;
- Palidez;
- Anemia ferropriva;
- Diminuição da massa muscular.
Quais as causas?
Podem ser genéticas ou devido à permeabilidade intestinal alterada. Existem alguns exames que podem ser efectuados para identificação da doença, nomeadamente:
- Exame de fezes - teste Van der Kammer;
- Exame de urina - teste D-xilose;
- Teste sorológico - exame de sangue antigliadina, endomísio e transglutaminases;
- Biópsia intestinal.
NOTA: peço desculpa pelo palavreado científico e técnico, mas foi algo necessário. A partir de agora melhora um bocadinho, ok?
Como puderam constatar ao ler esta pequena introdução, esta é um intolerância que existe mesmo e que pode ser um tanto ao quanto limitativa, pelo que as pessoas têm que adoptar, idealmente, uma dieta específica.
Uma vez que o glúten se encontra nos cereais, um elemento que não irá ser ingerido por estas pessoas é o selénio. A isto podemos juntar o facto de os solos portugueses não possuírem quantidades suficientes de selénio e o que é que temos? Deficiência em selénio.
Mas, o que é o selénio?
É um mineral que existe na natureza, inclusivamente no solo e nos alimentos, e é constituinte de algumas proteínas com funções muito importantes.
A longo prazo, a deficiência deste mineral pode ter consequências graves, uma vez que o selénio é essencial para a função de 25 proteínas que o contêm na sua estrutura molecular - as selenoproteínas. Estas garantem ao organismo:
- O funcionamento normal do sistema imunitário;
- O funcionamento normal da tiróide;
- A protecção das células contra as oxidações indesejáveis;
- Uma espermatogénese normal;
- Uma manutenção de unhas e cabelo normais.
NOTA 2: disse que o palavreado ia parar, mas continuei e peço-vos desculpa, mas agora, sim, é que vai melhorar um bocadinho, ok?
Portanto, já vimos que pessoas intolerantes ao glúten não podem ingerir o mesmo. Desta forma, e uma vez que o consumo de cereais é reduzido (ou restrito em alguns casos), vai haver deficiência em selénio.
O que fazer nestes casos?
Há uma solução muito simples e que eu já falei aqui no blogue - suplementação com selénio. O único cuidado a ter é a concentração (idealmente 100 microgramas diariamente).
Fazendo a extrapolação para a área da cosmética: haverá alguma relação? As pessoas com intolerância ao glúten necessitam de cuidados cosméticos específicos?
Uma "moda" recente na blogosfera e "tendência" é a seguinte:
Pessoas com intolerância ao glúten - celíaca e não celíaca - devem, obrigatoriamente, utilizar cosméticos sem glúten.
Deduzo que a reacção da maior parte de vocês deva ter sido igual à minha - admiração e espanto.
O que se passa é que, muitas vezes, a par da doença celíaca, existe um quadro de pele atópica (se quiserem, eu posso fazer uma publicação sobre esta doença mais à frente no blogue - deixem nos comentários a vossa opinião quanto a isto).
No entanto, e devido a estas tendências, têm surgido estudos nesta temática, ou seja, se há essa necessidade específica de também retirar o glúten dos cuidados cosméticos. Esses mesmos estudos não apresentaram resultados estatisticamente significativos, querendo isto dizer o quê? Que, pelo menos para já, não foi provada ainda uma relação directa entre as duas temáticas.
Ah, oh Ricardo, mas as pessoas costumam ter reacções de intolerância cutânea. Como é que explicas isto?
Na minha opinião, e depois de conversar com a minha dermatologista sobre o assunto (sim, eu debato com profissionais de saúde devidamente qualificados este tipo de questões), chega-se à conclusão que este tipo de intolerância ou xerose (pele extremamente seca) deve-se ao quadro de atopia associado do que propriamente à intolerância ao glúten. Para além disso, os estudos não comprovam nada, até agora.
Para além disso, os produtos utilizados em atopia costumam ser à base de aveia e as partes utilizadas na cosmética são as plântulas, pelo que não há relação directa entre as duas coisas.
Eu sou da área da saúde, como sabem, e baseio-me imenso em estudos por isso, aquilo que posso dizer é que se não existem estudos que comprovem efectivamente um efeito directo entre intolerância ao glúten e a necessidade de utilizar produtos de cosmética específicos, devemos continuar a viver normalmente.
Sim, existem cosméticos sem glúten na Inglaterra, mas, adivinhem? Marketing. Porquê? Porque as "modas" e as "teorias" disseminadas por pessoas sem qualquer tipo de especialização na área, e que só dizem bosta pela boca fora, levaram a que as pessoas leigas no assunto (odeio esta palavra) acreditassem piamente no que ouviam.
Isto é como os champôs sem sal. Não existem champôs sem sal. Por uma questão de marketing, as marcas colocam no rótulo "Sem sal" porque isso vende. Mas, no fundo, o champô tem sal - de potássio ou de magnésio ou de outra coisa qualquer - que fazem "tão mal" ao cabelo (que não fazem, atenção) quanto o sal de sódio.
Antes mais, parabéns pela publicação, super esclarecedora! O glúten já cansa e as mil e uma modas de alimentação também. Deixa-se de comer isto e aquilo porque está na moda, qual é a lógica? Tenho esperança que isto comece a mudar!
ResponderEliminarBeijinho, Ana Rita*
BLOG: https://hannamargherita.blogspot.com/ || INSTAGRAM: @rititipi || FACEBOOK: https://www.facebook.com/margheritablog/
Muito obrigado pelo teu comentário e pelas tuas palavras. Sim, as pessoas cada vez mais aderem a este tipo de modas sem antes ter algum aconselhamento prévio ou se é mesmo necessário ou não. É triste!
EliminarTenho a dizer que não vivo sem x) Sou a louca da massa e, felizmente, não tenho qualquer problema com o glúten, mas se tivesse ia ser mesmo difícil adaptar a minha alimentação...
ResponderEliminarExistem opções sem glúten, atenção: pão, massa e afins sem glúten, mas têm uma textura não muito "agradável" e o sabor é o mesmo (ou pelo menos, parecido). A questão aqui é mesmo pessoas que não têm esta necessidade, adoptarem só porque é moda. Isso é ridículo na minha opinião.
EliminarO grande mal reside, precisamente, nas modas que se criam. E na generalização, como se todos tivéssemos o mesmo tipo de necessidades e condicionantes. Ganhávamos mais se, antes de arriscarmos em determinadas mudanças (que, depois, têm implicações na nossa saúde), nos informássemos com profissionais da área. Isso evitava imensas asneiras.
ResponderEliminarExcelente publicação, como sempre! E acho que seria interessante abordares a temática da pele atópica
Adoptar uma dieta sem glúten "só porque sim" é a mesma coisa que uma pessoa se tornar vegan "porque é moda", mas apenas é vegan na alimentação - continua a utilizar roupas em pele e capas do telemóvel em pele. Ou bem que tens alguma limitação no teu organismo que te obrigue a utilizar uma dieta sem glúten, ou adoptares só porque é fixe, não faz qualquer sentido. É a mesma coisa que pessoas que "sofrem" de fenilcetonúra - têm de ter adoptar uma alimentação verdadeiramente restritiva e não podem comer muita coisa e apenas em certas quantidades, porque terás problemas. Agora, do nada, sem problemas, decidires adoptar a dieta deles: qual a lógica?
EliminarObrigado pelo comentário e pelas palavras. A temática da atopia será uma a considerar. Talvez no próximo mês ;)
Sério? :o isso é que é pior --' e a par do online, não consegues perceber se há disponível numa outra loja?
ResponderEliminarConcordo plenamente com o que já foi dito: que este género de opções acabam por ter que ver com o que é "moda". Ainda assim, muita gente não tem consciência disto, e o teu post veio mesmo a calhar nesse sentido. Vou enviá-lo a uma amiga minha para ver se ela começa a perceber melhor!!!
NEW REVIEW POST | CAUDALIE: VINOPURE MATTIFYING FLUID.
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Eu gostei daquele, mas não consigo encontrar online... crap! A ver se encontro noutro lado antes que o frio desapareça. Obrigado pelo comentário e pela partilha! ;)
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