Ortorexia | Como Perceber Que O Saudável Já É Demais?
Não se assustem que Ortorexia não é um "bicho-papão"!
Acredito que possam estranhar ao início e perguntarem: "Do que raio ele vai falar hoje?", mas eu vou tratar de explicar.
É muito comum no início de um novo ano algumas pessoas terem como resolução "Perder peso". Então, começam a ler tudo e mais alguma coisa sobre nutrição e tudo e mais alguma coisa sobre exercício físico. Para além disso, logo no primeiro dia útil de Janeiro, correm desenfreadamente ao ginásio mais próximo para se inscreverem.
No início de Fevereiro, mais de metade desiste do ginásio. Acreditem!
Mas não é de exercício físico que vos venho falar hoje, mas sim da "fixação" de algumas destas pessoas pela parte alimentar. E isto tem um nome - Ortorexia.
Mas, afinal, o que é isto?
Ortorexia é um distúrbio alimentar (definição ainda não muito conclusiva, mas vamos usa-la) e define-se como uma obsessão por ingerir apenas alimentos considerados "bons" e saudáveis. Basicamente, é ver uma pessoa a contabilizar tudo e mais alguma coisa e ficar receosa sempre que algum dos alimentos que está no seu prato não vai de acordo com essa mesma dieta.
Ao início, pode parecer que o motivo deste distúrbio é apenas a preocupação com a saúde - nada contra - mas existem outras razões por detrás desta, como uma compulsão para assumir o controlo e atingir a perfeição e até mesmo a melhoria da auto-estima.
Quantas pessoas não conhecemos que têm o ideal de "corpo perfeito"? Eu conheço umas quantas!
Mas é diferente da bulimia e da anorexia nervosas?
Sim, pois aqui (na ortorexia) existe uma obsessão com a qualidade e com a saúde e não tanto com a quantidade e com o peso - esta é a maior diferença.
Quem sofre deste distúrbio, preocupa-se de tal modo com a alimentação que as outras coisas presentes na sua vida deixam de ser consideradas prioritárias. Existe um planeamento bastante rigoroso das refeições, por vezes com dias de antecedência, adoptando regras cada vez mais restritas, como a exclusão de gorduras, aditivos ou glúten (que são considerados como "maus" e "impuros").
NOTA: existe, efectivamente, intolerância ao glúten e, na minha opinião, apenas nestes casos é que faz sentido fazer uma dieta sem glúten - e fazer suplementação com selénio, pois vai haver um défice (publicação a esclarecer este factor ainda este mês no blogue).
Não faz sentido as pessoas deixarem de ingerir alimentos sem glúten só "porque é moda e toda a gente faz". Esta última motivação é só parva e ridícula.
Voltando à Ortorexia...
Há forma de saber se vocês sofrem deste distúrbio?
Entrando agora em palavreado e contexto mais científico (peço desculpa, mas tem que ser), existem algumas questões que integram o chamado teste de Bratman, cujas respostas positivas podem sugerir a existência de ortorexia. São elas:
- Sente que a sua dieta é a sua principal preocupação, interferindo com o seu trabalho e com as relações com amigos e familiares?
- Passa grande parte do seu tempo a pensar na alimentação e a planear ou a preparar as suas refeições?
- Considera que o valor nutritivo dos alimentos é mais importante do que o prazer de comer?
- Recusa-se a comer em restaurantes ou em casa de amigos e isola-se às refeições?
- Sente-se com mais auto-estima e até "superior" às outras pessoas devido ao seu tipo de alimentação?
- Culpa-se e castiga-se se cair na tentação de comer um alimento "mau"?
Estas são apenas algumas das questões que podem levar a um primeiro diagnóstico (não conclusivo) de ortorexia. Para além disso, existem alguns sinais que vocês poderão estar atentos se desconfiarem que alguém que vos é próximo possa estar a sofrer deste distúrbio, nomeadamente:
- Demorar muito tempo a digerir alimentos;
- Separar os alimentos no prato e apenas comer alguns deles, sem razão aparente;
- Recusar convites para ir a restaurantes ou a casas de amigos (como já se falou anteriormente):
- "Brincar" com os alimentos no prato e alegar "estar sem fome".
Não estou com isto a dizer que toda a gente que frequenta ginásios e se preocupa com a sua alimentação sofre de ortorexia. Nada disso! Apenas digo que é positivo preocuparem-se com o que ingerem, mas nunca podem deixar de sentir prazer em comer e muito menos se castigarem ou se sentirem "mal" por terem "cometido um pecado".
Falo por mim, eu gosto de saber o que como e tenho cuidado com o que como, mas daí até entrar numa obsessão e perder todo e qualquer gosto em comer o que me apetece, vai uma grande distância. Para além disso, se um dia eu fizer asneira, tento compensar nos restantes, mas isto foi algo que aprendi que resulta no meu caso e nunca sinto fome, nem nunca me sinto mal por ter comido algo menos saudável.
Existe algum tratamento?
Tal como nos outros distúrbios alimentares, na ortorexia, o primeiro passo é admitir que existe um problema e querer resolvê-lo. No entanto, deve ser procurada ajuda junto de profissionais com experiência na área. Não é algo que se "trate" do dia para a noite, mas consegue-se "reverter" este problema.
Qual foi o intuito de escrever esta publicação?
Simples. Tentar alertar-vos que não há problema algum em querer perder peso. Não há problema em quererem ter uma alimentação mais saudável. No entanto, é necessário bom senso e responsabilidade.
Não há necessidade de entrarem em exageros, em dietas malucas, tipo as líquidas ou o (descabido) detox de sumos. Não há necessidade de frequentarem três aulas seguidas de ginásio só para perderem mais peso e mais rapidamente, porque isso pode trazer-vos problemas no futuro.
Há que haver consciência e há quer haver equilíbrio e saber esperar pelos resultados. Saber lutar para obter resultados e não querer que os mesmos apareçam de um momento para o outro - porque não aparecem, digo-vos já - e não desistir caso não obtenham os resultados que querem no período de tempo que querem.
Mais uma vez, dou-vos o meu exemplo: quando perdi peso, o meu objectivo era perder 16kg em 16 semanas. Consegui fazer isso em 20. Se desisti? Não. Lutei por aquilo que queria e consegui uns tempos mais tarde. Mas não deixei de lutar por isso e acho que isso é o mais importante.
Já tinha ouvido falar disso, mas não sabia o nome. sabes que sou um bocado preocupada com o que como mas acho que nunca ao ponto de se obsessivo. acredito bastante no equilibrio e que tudo na vida deve ser equilibrado...
ResponderEliminarTheNotSoGirlyGirl // Instagram // Facebook
Eu penso exactamente da mesma forma. Tenho cuidado com o que como (se bem que nesta última época festiva desleixei-me imenso!), mas agora estou de volta ao foco. Mas não perco o prazer de comer!!
EliminarNunca tinha ouvido falar, obrigada por trazeres este tema para o blogue.
ResponderEliminarNuma dieta, sem dúvida que a palavra chave é o equilibro.
Beijinhos
Sem dúvida que o equilíbrio é o mais importante. Se tens alguma intolerância ou problema que te obrigue a uma dieta mais restritiva ou eliminar determinados alimentos da tua alimentação, tudo bem, de acordo. Estar obsessivo com o que se come e contar e pesar tudo e mais alguma coisa? Ou estás a candidatar-te à capa de alguma revista, ou então, perder prazer em comer ou passar fome, não me parece uma boa opção!
EliminarNunca tinha ouvido falar mas é um tema bastante pertinente para trazer nos dias de hoje em que existe uma obsessão enorme pela internet fora em comer o saudável e nada mais. Sou apologista do equilíbrio, sem restrições e de uma alimentação prazerosa! Excelente publicação!
ResponderEliminarBeijinho, Ana Rita*
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Antes de mais, muito obrigado pelo comentário e pelas palavras. Concordo contigo: há que haver equilíbrio entre o saudável e não deixar de ter prazer ao comer!
EliminarPor acaso conheci há dias duas pessoas que passaram por isso. Felizmente perceberam a tempo que estavam erradas. Outras tantas só se apercebem tarde demais (como foi o meu caso, há uns bons aninhos)
ResponderEliminarBeijinho
www.keke.pt
Quando estava a perder peso, algumas pessoas pensavam que eu estava com algum tipo de distúrbio alimentar, porque eu tinha imenso cuidado com o que comia, mas nunca tive este tipo de obsessão. Felizmente! Não fazia ideia que já tinhas passado por isto..
EliminarCaríssimo, mas olha que vem aí a altura de aproveitares :P Depois diz-me se encontraste a tal peça :D
ResponderEliminarNão conhecia, de todo, o nome da "doença"... mas fiquei assustado porque há aí muito boa gente tão preocupada, que acaba por não ter muita noção daquilo que se passa. Sabes o meu trajecto e o fascínio que tive por "isto". Ainda assim e, felizmente, descobri que o melhor de tudo, como já foi dito aqui nos comentários, é o equilíbrio. :D
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Nem te passa algumas pessoas que andam lá no ginásio. Aquilo consegue ser mesmo impressionante quanta obsessão existe pela comida, mas tal como já disse aqui: ou tens um objectivo e queres ir para a capa de algum revista toda fit ou assim ou então é preferível um equilíbrio entre o saudável e o prazer de comer. Comer bem, sim. Deixar de ter prazer ao comer, nunca!
EliminarNão estava familiarizada com o conceito, confesso, mas esta publicação, para além de me elucidar, serviu também de alerta. Acredito que a base de tudo é mesmo o equilíbrio, porque quando permitimos atitudes extremas acabamos por fazer pior. E nessa busca pela perfeição, provocamos reações mais nefastas para a nossa saúde
ResponderEliminarConcordo contigo. Por vezes, esta procura incessante pelo ideal de perfeição (o aceite pela sociedade) leva as pessoas a ficarem completamente desnorteadas ao ponto de já não saberem o que é bom sendo. Sim, deve haver um equilíbrio. É imperativo!
EliminarJá tinha ouvido falar mas nem fazia ideia de que existia termo. Eu sinceramente acho descabido a ideia de contar calorias e tudo mais a não ser que seja mesmo necessário e eu detesto que digam que faço dieta porque não faÇo, adoptei sim uma nova alimentação melhor mas tudo nesta vuda há que ter equilíbrio! É que isto hoje vai tudo em modas!
ResponderEliminarAdorei o teu post, sem dúvida esclarecedor!
Eu entendo a ideia de contar calorias quando tens um objectivo (por exemplo, atletas que precisam de estar em determinada forma ou pessoas que querem ser capas de revista - estes últimos ficam meios malucos pelo meio). No dia-a-dia, acho que deve haver um equilíbrio. Ter cuidado com o que se come, sim, mas nunca perdendo o bom sendo nem o prazer em comer!
EliminarPost super interessante!
ResponderEliminarTudo o que é em excesso é normalmente patológico mesmo que seja em prol da saúde quando é demasiado restritivo pode tornar-se rapidamente uma doença!
Estou a adorar este blog 😉
V.
Muito obrigado. Dietas muito restritivas não são boa opção. Deve haver, sim, um equilíbrio entre o saudável e o prazeroso.
EliminarTive uma pessoa próxima que passou este distúrbio foi um processo complicado, pois não ligava quando se tentava alertar o corpo começou a dar sinais quase que entrou numa doença profunda, mas felizmente já que tarde percebeu o que andava a fazer. Bom post muito bem explicado
ResponderEliminarRêtro Vintage Maggie | Facebook | Instagram
Obrigado pelo comentário e pela visita. De facto, o mais importante é uma pessoa tomar consciência do que se está a passar mas, acima de tudo, manter o equilíbrio e não entrar em exageros.
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